Este texto que esta ai foi escrito em conjunto com uma amiga da faculdade. Foi muito bacana de se fazer, não nos conheciamos muito bem e tivemos de deixar nossas diferenças de lado pra poder fazer esse trabalho. Falando assim atá parece que tivemos vários problemas ao longo do texto mas nem foi assim, foi tudo muito tranquilo. Muito bacana, recomendo.
FÁVERO, Leonor L. ANDRADE, Maria Lúcia C.V. AQUINO, Zilda G.O. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. 6 Ed., São Paulo: Cortez, 2007.
Segue abaixo o danado crescido e já criado.
Historicamente a escrita sempre teve maior visibilidade dentro dos contextos sociais do que a língua falada (oralidade). Este preconceito passa a ser amenizado a partir de estudos feitos no fim da década de 70 destacando o estudo da conversação. A atividade conversacional necessita de um locutor e um receptor interagindo, pois a partir disto temos a organização do discurso. Tais interlocutores intercalam suas frases em turnos, ou seja, aguardam o momento "específico" para a expressão de cada participante podendo haver interrupções, pausas, hesitações etc. Dentro desta perspectiva podemos destacar encontros simétricos e assimétricos. Um encontro simétrico seria a participação de todos os participantes tendo o mesmo direito de fala ou escolha do assunto a ser debatido. No encontro assimétrico, ocorreria um privilégio a um interlocutor que além de escolher o assunto também poderá direcioná-lo ou encerrá-lo, o que não significa que outras pessoas possam intervir na conversa. Além disso, vale ressaltar que a conversação - seja ela face a face, via telefone, internet - possui um caráter interativo e socializador entre os participantes, inferindo sobre determinado assunto. A coesão e coerência deve ser fator básico na construção textual e oral, pois organiza e dá sequência ao texto. Ventola (1979) propõe uma organização de atividade conversacional, valorizando conversas espontâneas seguindo determinadas variáveis. Seriam elas:
- Tópico ou assunto: são responsáveis por manter o canal de comunicação entre os participantes do dialogo, cuidando da manutenção das relações sociais.
- Situação: seria o contexto ou o momento da conversação, ela mantém o canal de comunicação entre os participantes do diálogo. A situação pode vir a modificar a conversação, já que os participantes precisam estar atentos a atitudes verbais e não verbais.
- Os papéis sociais: é a função que o falante exerce na conversa. São os posicionamentos de acordo com a situação vivida. Em uma sala de aula, por exemplo, você irá usar termos diferentes de uma conversa de bar. Os papéis se alteram conforme os turnos deixando claro o utilização da fala de cada interlocutor, ou seja, a fala pode expressar domínio, autoritarismo, democracia etc.
- O modo do discurso: seria a formalidade ou a informalidade usada de acordo com a intenção da apresentação do discurso. Ex: Conversa entre amigos, reuniões de família seriam conversas informais, diferente de uma entrevista de emprego, onde usamos uma serie de formalidades no discurso.
- O meio: seria a forma como a comunicação é transmitida. Bilhetes, e-mails, telefonemas são exemplos de diferentes meios (canais) de comunicação.
Já para Dittman (1979) é preciso que existam pelo menos dois falantes interagindo para que exista um texto falado (interação ou socialização entre os participantes, o que não implica que discordâncias ocorram). A troca continua de falantes também é necessária, pois só assim existirá dialogo (a troca de turnos entre os interlocutores possibilita, consequentemente, uma troca de idéias); a sequência de ações coordenadas (comunicação em si, onde cada fala complementaria o diálogo mantendo uma coerência) assim como um determinado tempo na fala para que as idéias sejam absorvidas pelo outro e logo após exista resposta; e por último, o envolvimento numa interação centrada (o que seria o foco assunto). O texto falado tem uma organização de idéias muito parecidas com o texto escrito. A estrutura da conversação se organiza em níveis global e local. A conversação local se organiza por turnos, onde um falante faz seu diálogo. Os interlocutores se alternam e desenvolvem suas falas em seqüência podendo haver hesitação, interrupção, sobreposição, etc. Os turnos têm uma relação de continuidade, próxima de falas dos interlocutores, onde o primeiro apresenta uma situação para que o outro possa ocorrer, ou seja, uma pergunta e em seguida uma resposta.
Ex. C1: Vamos brincar?
C2: Vamos! De que?
C1: De amareli...
C2: Há não! Amarelinha não. Vamos brincar de boneca.
Já a global ao mesmo tempo em que a organização da conversação ocorre, ela é conduzida a uma organização global do tópico do discurso, podendo ampliar os turnos gerando desvios de assunto (digressão).
Ex. C1: Eu estou muito feliz.
C2: Por quê?
C1: Vou ao circo hoje com meus pais.
C2: É. Eu também já fui lá... Tem palhaço, elefante, leão...
C1: Por falar em leão, você já foi também ao zoológico?
C2: Não. Não me lembro.
C1: Qualquer dia que eu for lá de novo eu te levo.
C2: Mas, lá no circo que
O texto falado, bem como o texto escrito, necessita de alguns fatores para constituir a textualidade: a coesão e a coerência. Segundo as autoras Fávero, Andrade e Aquino (2007) no texto conversacional a análise dos elementos de coesão deve ser feita de forma específica. Os recursos coesivos mais freqüentes são a coesão referencial, recorrencial ou seqüencial.
- Coesão referencial: é a repetição de uma mesma palavra, seja se referindo a algo ou alguém para que não exista repetições. Essa repetição ajuda a organização tópica.
Ex: “Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores”. “Tinha uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra”.
- Coesão recorrencial: há a presença da paráfrase (desenvolvimento do texto sem alteração da idéia original para se obter acepção, sentido).
Ex: “ O Brasil. É bonito. É bonito. É bonito.”
- Coesão seqüencial: há uma conexão que possibilita uma sequência dentro de uma conversa entre interlocutores com conhecimento prévio do assunto abordado, mesmo em poucas palavras entre os interlocutores nos turnos.
Ex: Daniel: Ontem nós fomos jantar?
Rosa: E....
Daniel: E.... foi muito bom. Ela é muito bacana.
Rosa: Vocês estão?
Daniel: Não, nada a ver somos só amigos.
As autoras apontam quatro elementos básicos que contribuem para a estruturação do texto falado. São eles: o turno, o tópico discursivo, os marcadores conversacionais e o par adjacente.
O turno seria a produção de um falante na conversação. Ocorre alternância dos interlocutores expressando suas idéias, um fala e o outro escuta, porém às vezes pode haver possibilidade de silencio. Qualquer intervenção de um falante pode-se considerar um turno.
Ex: C1: Olá, como você esta?
C2: Opa , tudo bem. E com você?
C1: Também estou ótimo. Mas me diga, e sua mulher já ganhou o bebê?
C2: Ahh sim, obrigado por perguntar. O bebê esta em seu quinto mês.
O tópico discursivo é o assunto do diálogo. Ele é parte estruturante da conversação, podendo ser explícito ou pressuposto. Apresenta as seguintes propriedades.
- Centração: o tópico é o conteúdo do discurso com a utilização de elementos explícitos ou inferidos onde os participantes colaboram para a interação do desenvolvimento textual.
- Organicidade: o tópico tem a relação seqüencial e hierárquica dos assuntos.
- Delimitação local: o tópico é caracterizado por início, desenvolvendo e finalização, porém nem sempre é claro. Há marcadores como pausas, hesitações, perguntas, paráfrases, etc.
Ex: C1: Não me diga que você já operou?
C2: Sim, operei. Ocorreu tudo bem durante a cirurgia.
C1: E o tempo de recuperação? Quanto será?
C2: Acho que daqui a um mês já posso voltar a trabalhar. Isso segundo o médico.
Os marcadores conversacionais servem para indicar elementos verbais, prosódicos e não-linguísticos no diálogo. Podem ser produzidos pelo falante e pelo ouvinte e garantem o desenvolvimento contínuo (seqüência linear) do discurso, a organização hierárquica do texto a fim de obter uma coesão, auxiliando no desenvolvimento do discurso.
Os marcadores verbais têm funções estruturantes, distribucional e funcional de organização do texto. São subdivididos em marcador simples ( somente uma palavra: interjeição, advérbio, verbo, adjetivo, conjunção, pronome, etc. Ex: agora. Aí, claro, então); composto ( é objetivo com tendência à permanência. Ex: então daí, aí depois, quer dizer, etc.); e oracional ( orações apresentadas nos diversos tempos e formas verbais e de orações. Ex: eu acho que, quer dizer, etc.).
Os marcadores prosódicos abrangem entonações (ascendente, descendente, constante), pausas (curtas, médias e longas e propiciam mudança de turno), tom de voz, ritmo, velocidade, alongamentos de vogais, etc. São de origem lingüística, mas não verbal apenas se junta a algum marcador verbal.
O Par adjacente é o elemento da interação. Ele organiza, controla as ligações das ações e pode ser o introdutor do tópico do discurso já que estão relacionados. Eles formam uma espécie de dobradinha na conversação (pergunta/resposta, pedido/concordância ou recusa, convite/ aceitação ou recusa etc). Segundo Fávero, “par adjacente e tópico discursivo estão intimamente relacionados, na medida em que a conversação se organiza por meio de tópicos e estes podem se estabelecer através de pares adjacentes”. (p. 50) Assim, quando levando em consideração a "dobradinha" pergunta e resposta perceberemos que estas não funcionam aleatoriamente e podem ser utilizadas como: Introdução de tópico (Começar a conversa ou um supertópico); Continuidade de tópico (sequência da conversa, que também pode ocorrer para pedir informação, confirmação ou esclarecimento, por exemplo); Redirecionamento do tópico (Quando se percebe uma digressão, uma pergunta pode fazer com que se volte ao assunto anteriormente discutido); Mudança de tópico (A pergunta como instrumento para a troca de um assunto que já possa ter se esgotado).
Que resultado magn'ifico!! O texto ficou muito bom! Espero que tenha contribuido de alguma forma para a aprendizagem de voces...
ResponderExcluirjovem telequitual é outra coisa em
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